Entre receitas, programas e códigos: metáforas e idéias sobre genes na divulgação científica e no contexto escolar.
TÂNIA GOLDBACH e CHARBEL NIÑO EL-HANI.
“Não é difícil reconhecer que, hoje, idéias sobre genes – ou, pelo menos, o termo gene‟ – estão fortemente disseminadas entre a população, e não somente no contexto escolar. Em particular, o impacto das aplicações biotecnológicas tem contribuído para que um discurso sobre genes venha marcando nossas sociedades, desde os anos 1990, veiculando visões sobre a relação entre genes e características fenotípicas que geralmente perdem de vista a complexidade dos sistemas vivos e se comprometem com idéias deterministas que não têm sustentação frente ao que sabemos hoje sobre tais sistemas.”
“Gericke e Hagberg (2007) comentam que a biologia contemporânea, com o grande desenvolvimento de áreas como a biologia molecular e a biologia do desenvolvimento, trouxe novas luzes para o entendimento dos genes e de sua expressão, além de um sem número de possibilidades de intervenção no material genético.“
“Avanços recentes da biologia molecular, genômica e proteômica resultaram em novas perspectivas sobre genes, produtos gênicos e seus padrões de interação em sistemas celulares complexos. Torna-se cada vez mais claro que a informação biológica opera em múltiplos níveis hierárquicos, nos quais redes complexas de interações entre os componentes são regra e, conseqüentemente, a compreensão da dinâmica e até mesmo da estrutura dos genes demanda que estes sejam localizados em redes e vias informacionais complexas. Este novo modo de compreender os sistemas biológicos torna necessário que superemos o tratamento de genes como unidades de estrutura e função que, secundariamente, interagem em redes complexas. Isso significa que devemos ir além da compreensão dos genes como segmentos de DNA que produzem uma proteína única com função unívoca, que ainda predomina no conhecimento escolar, até mesmo no nível superior.”
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